segunda-feira, 21 de setembro de 2009

A FORTALEZA DE NOSSA ALMA


"Quando um homem forte guarda armado a entrada de sua casa, tudo o que ele possua estará em segurança. Porém, se um outro mais forte vem e o vence, levará consigo todas as armas em que ele confiava e se apossará de seus haveres." Aquele que não está comigo está contra mim e aquele que comigo não entesoura, dissipa. (Luc., 11:21-23.) "Jesus falava assim porque diziam: Ele está possesso de um Espírito imundo." (Mar.c, 3:30.)

Afirmou o Mestre mais de uma vez: "As palavras que vos digo são espírito e vida".

Para bem lhe compreendermos os ensinos, mister se faz, portanto, que as transportemos para o campo da espiritualidade.

No texto supra, o que ele nos aconselha não é que montemos guarda aos nossos haveres, usando, para isso, as melhores armas que possamos encontrar, nem tão-pouco que, na defesa dos mesmos, rechacemos violentamente os possíveis assaltantes.

Ele, que sempre pregara o desprendimento dos bens terrenos, por saber quão forte é o fascínio que exercem sobre as criaturas, escravizando-as, fazendo-as esquecer as nobres finalidades da existência, não iria recomendar tais medidas, mesmo porque, no momento em que assim se expressou, o assunto em tela era outro: rebatia os fariseus que o diziam possesso de Satanás.

A "casa" a que Jesus se refere é a nossa alma, que, realmente, precisa estar sempre bem guarnecida para que não seja invadida pelos vícios, pelos maus desejos e as mil e uma tentações que nos assediam a todo instante.

Se nos descuidarmos, as seduções mundanas poderão vencer-nos, sujeitar-nos ao seu domínio, roubando-nos, destarte, a preciosa oportunidade de bem aproveitarmos os nossos dias, no sentido da realização espiritual.

Não se creia, porém, que a melhor maneira de alcançarmos esse desiderato seja assumirmos uma atitude passiva, trancarmo-nos a sete chaves, evitando entrar em contacto com a sociedade.

Ao contrário, isso nos levaria à morbidez, ao afrouxamento de nossas energias.

O que nos cumpre fazer é dar combate ao inimigo, de frente, combate esse que consiste no desenvolvimento das qualidades opostas às fraquezas que sabemos existirem em nós.

A atividade constante nas tarefas do Bem e no aprimoramento moral é a fortaleza inexpugnável de nossa alma, pois, assim agindo, o teor de nossas vibrações não permitirá, sequer, a aproximação dos Espíritos malignos que nos pretendessem assaltar.

Prosseguindo na mesma ordem de idéias, lembremo-nos de que qualquer pedaço de chão, quando convenientemente cultivado, pode traduzir excelentes frutos, mas, abandonado, será facilmente invadido pelas ervas daninhas, que, em pouco, se estenderão por todo o terreno.

Semelhantemente, se nos mantivermos ociosos, se não nos esforçarmos para dignificar nossas vidas, as virtudes cristãs que jazem latentes em nós não se desenvolverão, cedendo lugar à inferioridade, às paixões aviltantes, cuja erradicação posterior será difícil, árdua e dolorosa.

Deixando de observar as leis de Deus, das quais o Cristo foi o mais perfeito exemplificador, evidentemente estaremos laborando em oposição a ele, desperdiçando o tesouro que nos legou: a Religião do Amor, consubstanciada no Evangelho.

Daí a justeza de sua observação: "Aquele que não está comigo está contra mim, e aquele que comigo não entesoura, dissipa."

(De "Páginas de Espiritismo Cristão", de Rodolfo Calligaris)

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