Senhor, Meu Pai,
Avise-me quando estiver chegando,
Avise-me.
Sempre pedia eu, em minhas orações.
Era tal ânsia em saber para me preparar para esse momento da passagem, que tantos temem, que chegava a soar um tanto mórbido, pela insistência.
Ao concientizar-me da natureza de tal pedido, usava meu bom senso e lógica e muitas vezes me punia pelo pedido.
A vida transcorreu como devia ser, exatamente igual a de qualquer ser humano aqui encarnado.
Cresci, estudei, casei-me, tive meus filhos, netos...
Em certo dia, sentei-me em minha cadeira predileta, ao pé da janela e pus-me a observar aquela paisagem tão conhecida minha, mutável, claro, mas cujas mudanças eu as acompanhei detalhadamente a cada dia daqueles anos todos.
Meus olhos foram perpassando por cada árvore, cada pessoa que eu podia observar daquele meu, quase ciquentenário posto, retrodecendo no tempo, comparando todos os detalhes, suas modificações, enfim, fui assistindo mentalmente, acreditava eu, por ocasião da força das recordações, o filme de minha vida.
Em dado momento recobrei a consciência e pensei que estava voltando por demais ao passado, e conclui que era preciso retornar à realidade.
Que realidade??
Meu Deus!!! Aquela era a realidade!!!
Aquele era o momento do desprendimento...
Olhei à minha volta e senti-me como que suspensa no ar, leve, solta, como que totalmente remoçada...
Olhei-me e aquele corpo, um tanto quanto cansado, estava lá, sentado naquela velha e confortável cadeira ao pé de minha janela, com a cabeça recostada, olhos serrados, rosto sereno.
Obrigada Deus, não sofri.
Porque me preocupei aqueles anos todos com um momento suave como este?
Desejo a todos que tenham um momento de passagem como o meu, mas não se preocupem com ele.
Vivam o presente.
Ele é que importa.
Abraços.
Uma amiga.
(Psicografia recebida em 11/02/00 no CEAL - Centro Espírita André Luiz)
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