Que é ser médium
1. Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos.
2. Apesar disso, só chamamos de médiuns aqueles em que a faculdade mediúnica se mostra caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que depende de uma organização mais ou menos sensitiva.
3. A percepção das influências espirituais se dá pelo fenômeno mental da sintonia, ou seja, nossa mente, sendo um núcleo de forças inteligentes, gera pensamentos plasmados que, ao se exteriorizarem, entram em comunhão com as faixas de idéias do mesmo teor vibratório, estabelecendo-se, assim, a sintonia mediúnica. Atraímos os Espíritos que se afinam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos.
Mediunidade e Doutrina Espírita
4. Achando-se a mente na base de todas as manifestações mediúnicas, é imprescindível enriquecer o pensamento, incorporando-lhe tesouros morais e culturais. A mediunidade, pois, não basta por si mesma. Sendo uma faculdade própria da espécie humana, ela existe desde as épocas mais remotas, mas foi somente na Doutrina Espírita que ela encontrou um sentido mais elevado e disciplinado.
5. Como os historiadores informam, Sócrates referia-se ao amigo invisível que o acompanhava constantemente. Plutarco reporta-se ao encontro que Bruto teve certa noite com um de seus perseguidores desencarnados. Pausânias, no templo de Minerva, em Roma, ali condenado a morrer de fome, aparecia e desaparecia aos olhares de circunstantes assombrados, durante largo tempo. Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.
6. Com o advento do Cristianismo, a mediunidade atingiu a sublimação com as manifestações provocadas por Jesus e, mais tarde, por seus apóstolos. E na Idade Média prosseguiu vitoriosa nos feitos de Francisco de Assis, nas visões de Lutero e nos desdobramentos de Tereza d’Ávila, para culminar, nos tempos modernos, nas prodigiosas manifestações de Swedenborg.
7. O dom mediúnico, por ser uma conquista evolutiva da Humanidade, não deve se limitar a mera produção de fenômenos. O médium consciente de seu papel precisa buscar disciplina e iluminação íntimas, para tornar-se um instrumento de progresso, com vistas à felicidade própria e coletiva.
Tipos de Mediunidade
8. Geralmente, os médiuns têm uma aptidão especial para determinados fenômenos, do que resulta uma variedade muito grande de manifestações. As principais variedades de médiuns são: médiuns de efeitos físicos, médiuns sensitivos ou impressionáveis, médiuns audientes, médiuns videntes, médiuns sonambúlicos, médiuns curadores, médiuns pneumatógrafos e médiuns escreventes ou psicógrafos.
9. Os médiuns de efeitos físicos são aptos a produzir fenômenos materiais, como o movimento de corpos inertes, ruídos, pancadas, vozes diretas, materializações, transportes, etc. A mediunidade de efeitos físicos foi muito comum no surgimento do Espiritismo, com o objetivo de chamar a atenção dos encarnados para as coisas do Além, tal como ocorreu em Hydesville e depois na França, em meados do século passado.
10. Os Espíritos que se prestam a esse tipo de manifestação geralmente são de pouca evolução. Na verdade, são mais levianos do que maus, que se riem dos terrores que causam, agarrando-se a um indivíduo ou a um lugar por mero capricho ou com o propósito de se comunicarem com certas pessoas, para lhes dar algum aviso ou pedir alguma coisa.
11. Médiuns sensitivos ou impressionáveis são as pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, não apresentando caráter bem definido, visto que todos os médiuns são mais ou menos sensitivos. Esta faculdade pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece não só a natureza, boa ou má, do Espírito que está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece a aproximação de tal ou tal pessoa.
12. Os médiuns audientes ouvem a voz dos Espíritos, algumas vezes uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo, doutras vezes uma vez exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva, podendo até realizar conversação com os Espíritos, que podem ser agradáveis ou desagradáveis, dependendo do nível do Espírito comunicante.
13. Os médiuns falantes transmitem a mensagem espírita através da fala. Os Espíritos atuam sobre o órgão da fala, como atuam sobre a mão dos médiuns escreventes.
14. Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns a possuem no estado normal, ou seja, acordados, lembrando-se do que viram, outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo, que quase sempre é efeito de uma crise passageira. Ver os Espíritos durante o sono resulta de uma espécie de mediunidade, mas não constitui, propriamente falando, o que se chama vidência.
15. Médium sonambúlico é aquele que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com precisão, como os médiuns videntes. Podem conversar com eles e transmitir-nos seus pensamentos.
16. Médiuns curadores são aqueles que têm o dom de curar pelo simples toque, olhar ou imposição das mãos, sem o uso de medicação. É a ação do magnetismo animal que produz a cura, mas essa faculdade deve ser classificada como mediunidade porque as pessoas que possuem esse dom não agem sozinhos, mas são auxiliados por Espíritos que se dedicam a essa tarefa.
17. Médiuns pneumatógrafos são os que produzem a escrita direta, sem tocarem no lápis ou no papel. Já os médiuns escreventes ou psicógrafos transmitem a mensagem espiritual utilizando lápis e papel.
18. Falando sobre a psicografia, Kardec diz que, de todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, o mais cômodo e o mais completo. Para esse meio devem tender todos os esforços, porquanto ele permite se estabeleçam com os Espíritos relações continuadas e regulares, como as que existem entre nós, e é por ele que os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento ou de sua inferioridade.Fonte: O Consolador
Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, itens 159, 160, 164, 165, 166, 167 e 172.
O Livro dos Médiuns, de Kardec, itens 90 e 178.
Nos Domínios da Mediunidade, de André Luiz, pág. 18.
Mecanismos da Mediunidade, de André Luiz, pág. 13.
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