quinta-feira, 13 de março de 2008

Parábola Moderna

Enfermara fazia muito tempo e transitara de guichê em guichê de informações, munido com a competente guia para o internamento hospitalar.Difícil, ali, a vaga de que necessitava.Adicionando à enfermidade a fome perseguidora, desmaiou à porta daRepartição, quase ao término do expediente.Passado o primeiro choque de alguns transeuntes, ali ficou semi-hebetado.
- Certamente é bebida, afirmaram alguns, ou epilepsia, completaram outros.

- Convém que não nos metamos, acentuaram terceiros, e ele ficou girando no mundo do vagado demorado.

A noite caiu e ele, sem forças, continuou tombado.A precipitação de todos não tinha tempo para examiná-lo; a velocidade dos veículos não permitia que o vissem desfalecido.Ele permaneceu derreado.Quando o silêncio se abatera sobre o centro comercial, um petiz desafortunado vendo-o tombado se acercou e perguntou-lhe o que havia. Ele balbuciou algumas palavras e o menino de rua, acostumado ao sofrimentohumano, respondeu:

"Isto se resolve com uma xícara de café."Saiu a correr e a correr retornou, trazendo nas mãos o estimulante que lhe faltava ao corpo combalido.Depois, ofereceu-lhe ombro gentil e ajudou-o a tomar a condução em local próximo a fim de retornar ao lar.A criança não lhe pediu o nome. Nem ele agradeceu ao benfeitor anônimo.Tudo sob o manto da noite e o olhar da Caridade.

*Cuidado com a indiferença! Porque tudo esteja mal, não agraves com o cepticismo a maldade que grassa.Sê o Samaritano, mesmo que não tenhas "nada com isto", que ele não seja dos teus e que a pressa te esteja impulsionando para dele fugir. Talvez, um dia, - pois que ninguém está isento dessa ocorrência - sejas tu o tombado, na calçada da rua, ou no leito do hospital, em qualquer lugar, sob o manto da noite e o olhar da Caridade.



(De "Espelho d'alma", de Divaldo Pereira Franco, pelo espírito Ignotus)

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