
Uma  das mais relevantes questões dos dias contemporâneos, a educação da criança  sempre mereceu de inúmeros profissionais tanto da área pedagógica como do campo  da psicologia infantil uma atenção especial. Inúmeros especialistas têm doado as  suas melhores forças no intuito de idealizar uma filosofia educacional que possa  atender de forma plena a todas as necessidades emocionais do ser em formação da  personalidade e propiciar-lhe o sustentamento intelecto-moral, para que possa  tornar-se um cidadão pleno, consciente de seus direitos e de seus deveres para  com a sociedade.
Inúmeras obras e tratados já foram escritos, nunca em  nenhuma época se realizaram tantos congressos, simpósios e encontros para  discutir a educação infantil em suas várias facetas. Porém, nota-se que, a cada  dia que passa, todos os preceitos para uma educação saudável são destruídos  pelos conceitos de um hedonismo exacerbado que hoje predomina em a  sociedade.
A filosofia hedonista foi pela primeira vez idealizada por  Aristipo de Cirene, discípulo de Sócrates, no século V antes de cristo. A  palavra hedonismo se deriva da palavra grega hedone, que significa prazer.  Então, o hedonismo se caracteriza por uma filosofia de vida cujo objetivo  primacial seria a busca do prazer individual pelo ser humano.
Porém,  apenas o conceito genérico do hedonismo não é suficiente para explicá-lo de  forma completa. Isso ocorre porque o significado de prazer pode ser desdobrado  de diversas formas.
O que é prazer, afinal? Genericamente, pode-se dizer  que tudo aquilo que é bom dá prazer. Mas será que é só isso?
Na sociedade  atual podemos perceber que o prazer que é sempre buscado é o prazer imediato,  aquele que não necessita de nenhum esforço para ser conseguido, que satisfaz de  forma rápida. Seria o prazer sexual, o prazer de ter sempre aquilo que se deseja  sempre, o prazer do estômago abarrotado, o prazer do repouso longo, o prazer do  vício. Então, pela teoria hedonista, a problemática humana estaria resolvida no  sentido de doar-se de forma integral a esses prazeres, encarcerando-se os  homens na jaula das sensações.
Porém, o que vemos é que essa forma de  vida não trouxe ao homem a felicidade que a filosofia hedonista pregava. Os  prazeres aos quais se entrega geralmente têm duração curta e, quando se exaurem,  criam-se anseios por atingir um patamar mais elevado desse prazer. Com isso, há  uma entrega total e irrestrita a sensação que causa prazer, só que essa busca se  revela nula, pois não se consegue atingir a felicidade almejada, pois esses  prazeres apenas criam vontade de sentir algo mais que aquele prazer não pode  dar. Com isso, o homem cai em comportamentos depressivos e neurotizantes que  lhes destrói a vida e todas as aspirações de progresso, já que busca algo que  não existe.
É como se fosse a sede da água do mar. Pode-se bebê-la em  abundância, porém, como está repleta de cloreto de sódio, quanto mais se  consome, mais sede ela causa, pois a pessoa que a bebe não consegue atingir o  seu objetivo, que é saciar a sua sede. A permanecer nesse ato, apenas aumentará  a sede, o que lhe fará beber mais da água salgada e sentir mais sede. E seu  martírio jamais cessará.
Então, onde está a felicidade proporcionada pelo  prazer que o hedonismo prega ? Simples. O prazer não se resume apenas as  manifestações fisiológicas, efêmeras que não plenificam. O prazer se encontra na  emoção profunda do ser. A emoção que alguém sente ao ler o lindo Soneto da  Fidelidade, do grande Vinícius de Morais.A sensação de tranqüilidade quando  ouvimos A linda Moonlight sonate, de Beethoven. A boa sensação de ler uma obra  de Machado de Assis. E o prazer sentido em ajudar alguém, em ver alguém que  gostamos muito galgando os degraus altos do sucesso, o prazer de ver alguém que  amamos chegar perto de nós. E quantos outros poderíamos citar !
Esses  prazeres são o motivo da vida, é por eles que devemos procurar sempre e não o  prazer da sensação que proporciona minutos de felicidade mas períodos longos de  amargura, nesta vida e na outra.
Agora é justo que os leitores perguntem  o que isso tem a ver com a educação infantil.
Tudo a ver. Sabemos que no  período da infância o espírito está iniciando o trabalho de reencarnação e por  isso possui o cérebro muito sensível, guardando nele as impressões que lhe são  incutidas pelos pais e pela sociedade. Por isso, quando vemos que os projetos  educacionais estão voltados para preparar o ser para viver no mundo alucinante  das sensações desordenadas, é óbvio que se aposse de todos os pais interessados  na felicidade dos filhos uma preocupação natural.
Vemos que a criança só  é educada para entender o seu corpo de forma superficial e para encaixar-se na  sociedade como um elemento a mais, sem consciência do que pode lhe fazer mal ou  bem, sem saber que valores preservar e quais aqueles que devem ser abandonados.  Com isso, quando adolescente, não sabe administrar as mudanças que se operam em  sua psicologia e, aturdidas pela irrupção vulcânica dos conteúdos liberados pelo  inconsciente, se atordoa e, não raro , se entrega ao culto do prazer alucinante,  pois não tem estrutura para aspirar algo mais sublime, por não ter conhecimento  sobre os intricados mecanismos que lhe regem a maquinaria orgânica.
Com  isso, vemos que e filosofia educacional hodierna precisa ser modificada. Para  isso precisamos de um conjunto de idéias que nos auxilie a educar os pequeninos  visando a felicidade plena destes.
Nesse momento surge a doutrina  espírita para nos ajudar, e dizer-nos, que devemos enxergar o educando de forma  integral, não apenas o corpo físico, mas também como realidade espiritual.  Deve-se ensiná-la, desde pequena, os ensinamentos do evangelho, o maior código  moral que a humanidade tomou conhecimento até hoje. Daí a necessidade da  evangelização infantil, como meio de propiciar a criança bases sólidas de  comportamento e uma visão otimista da realidade. E, com o auxílio dos pais, que  devem exemplificar para os filhos como se deve viver de acordo com que ensina o  evangelho, chegará a adolescência sabendo que direcionamento deve empregar a sua  vida, saberá o que veio fazer na terra, aceitar os problemas e, como foi educada  em bases de amor, não precisará recorrer ao tabagismo, ao álcool, às drogas, ao  sexo desvairado para encontrar felicidade. Pelo contrário, canalizará suas  energias para as expressões celestiais da vida, pois saberá conquistar a  verdadeira felicidade, perseverando sempre, lutando para domar as más  inclinações e progredir sempre.
Portanto, é papel dos pais, dos  evangelizadores e de todos os profissionais da área infantil ensinar as nossas  crianças o caminho da ventura, impedindo que ela caia nos abismos da ilusão e  que, quando adulta, possa caminhar com segurança rumo a Jesus.
André  Luiz Almenteiro Rodrigues Rabello - Membro do Grupo Espírita André Luiz, no Rio  de Janeiro.