O coração materno é uma taça de amor em que a vida se manifesta no mundo. (...)
Entretanto, quão grave é o ofício da verdadeira maternidade!...
Levantam-se monumentos de progresso entre os homens e devemo-los, em grande parte,
ás mães abnegadas e justas, mas erguem-se penitenciárias sombrias e devemo-las, na
mesma proporção, às mães indiferentes e criminosas. (...)” (07)
“(...) A Natureza deu à mãe o amor a seus filhos no interesse da conservação deles. No animal, porém, esse amor se limita às necessidades materiais; cessa quando desnecessário se
tornam os cuidados. No homem, persiste pela vida inteira e comporta um devotamento e uma abnegação que são virtudes. Sobrevive mesmo à morte e acompanha o filho até no além-túmulo. (...)” (02)
Daí se compreender que o amor maternal está nas leis da natureza mas, sem sombras
de dúvida, a missão materna nem sempre é um mar de rosas, sendo, ao contrário, tarefa espinhosa onde a renúncia e as lágrimas fazem moradia.
Isto porque “(...) Habitualmente, renascem juntos, sob os elos da consangüinidade,
aqueles que ainda não acertaram as rodas do entendimento, no carro da evolução, a fim de
trabalharem com o abençoado buril da dificuldade sobre as arestas que lhes impedem a harmonia.
Jungidos à máquina das convenções respeitáveis, no instituto familiar, caminham,
lado a lado, sob os aguilhões da responsabilidade (...) e da convivência compulsória para sanarem
velhas feridas imanifestas.
(...) Existem pais que não toleram os filhos e mães que se voltam (...) contra os próprios
descendentes. Há filhos que se revelam inimigos dos progenitores e irmãos que se exterminam
dentro do magnetismo degenerado da antipatia congênita (...)”. (08)
A missão materna reveste-se assim de encargos sublimes, sobretudo nesses lares onde
Espíritos antagônicos, se não inimigos, se encontram temporariamente unidos pelos laços do
parentesco físico. “(...) A maternidade exige e desenvolve a sensibilidade, a ternura, a paciência,
aumentando a capacidade do amor na mulher. (...)” (04)
“(...) No ambiente doméstico, o coração maternal deve ser o expoente divino de toda a
compreensão espiritual e de todos os sacrifícios pela paz da família. (...)
A missão materna resume-se em dar sempre o amor de Deus (...). Nos labores do mundo,
existem aquelas que se deixam levar pelo egoísmo do ambiente particularista; contudo, é
preciso acordar a tempo, de modo a não viciar a fonte da ternura.
A mãe terrestre deve compreender, antes de tudo, que seus filhos, primeiramente, são
filhos de Deus.
Desde a infância, deve prepará-los para o trabalho e para a luta que os esperam.
Desde os primeiros anos deve ensinar a criança a fugir do abismo da liberdade, controlando-
lhe as atitudes e concertando-lhe as posições mentais, pois que essa é a ocasião mais
propícia à edificação das bases de uma vida. (...)
Ensinará a tolerância mais pura, mas não desdenhará a energia quando seja necessária.(...)
Sacrificar-se-á de todos os modos ao seu alcance (...) pela paz dos filhos, ensinandolhes
que toda dor é respeitável, que todo trabalho edificante é divino, e que todo desperdício
é falta grave.
Ensinar-lhes-á o respeito pelo infortúnio alheio (...).
Será ela no lar o bom conselho sem parcialidade, o estímulo do trabalho e a fonte de
harmonia para todos.
Buscará na piedosa Mãe de Jesus o símbolo das virtudes cristãs (...).” (06)
Com relação à piedade filial lembramos que “(...) O mandamento: “Honrai a vosso pai
e a vossa mãe” é um corolário da lei geral de caridade e de amor ao próximo (...); mas, o termo
honrai encerra um dever a mais (...): o da piedade filial. (...)
Honrar a seu pai e a sua mãe, não consiste apenas em respeitá-los; é também assisti-los
na necessidade; é proporcionar-lhes repouso na velhice; é cercá-los de cuidados como eles
fizeram conosco, na infância. (...)” (01)
Basicamente, duas causas determinam a ingratidão dos filhos para com os pais: aquelas
devidas às imperfeições dos filhos e aquelas outras referentes às falhas dos pais.
“(...) Com a desagregação da família, que se observa generalizada na atualidade, a ingratidão
dos filhos torna-se responsável pela presença de vários cânceres morais, no combalido
organismo social, cuja terapia se apresenta complexa e difícil.
Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério em relação à prole, cometem
erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos, que, a seu turno,
logo podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão. (...).
Muitos progenitores, igualmente, imaturos (...) que transitam no corpo açulados pelo
tormento de prazeres incessantes — que os fazem esquecer as responsabilidades junto aos
filhos para os entregarem aos servos remunerados, enquanto se corrompem na leviandade —
, respondem pelo desequilíbrio e desajuste da prole, na desenfreada competição da utópica e
moderna sociedade.
Todavia, filhos há que receberam dos genitores as mais prolíferas demonstrações e testemunhos
de sacrifício e carinho, aspirando a um clima de paz, de saúde moral, de equilíbrio
doméstico, nutridos pelo amor sem fraude e pela abnegação sem fingimentos, e revelam-se,
de cedo, frios, exigentes e ingratos. (...)” (03)
Em suma, “(...) a família é o núcleo de maior importância no organismo social.
Santuário dos pais, escola dos filhos, oficina de experiências o lar é a mola mestra que
aciona a humanidade. (...)” (05)
* * *
FONTES DE CONSULTA
01 - KARDEC, Allan. Honrai o vosso pai e a vossa mãe. ln:_. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Trad. de Guillon Ribeiro. 111. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Item 03,
págs. 233-234.
02 - Da lei de justiça, de amor e de caridade. ln:_. O Livro dos Espíritos. trad. de Guillon
Ribeiro. 75. ed. Rio [de Janeiro]: FES, 1994. Questão 890, pág. 410.
03 - FRANCO, Divaldo Pereira. Filhos Ingratos. In:_. Após a Tempestade. Pelo Espírito
Joanna de Ângelis. Salvador, BA: Alvorada, 1974. Págs. 32- 33.
04 - Feminismo. ln_. Luz Viva. Pelos Espíritos Joanna de Ângelis e Marco Prisco.
Salvador, BA: Alvorada, 1984. Pág. 55.
05 - Criança e família. ln:_. Terapêutica de Emergência. Por diversos [Espíritos. Salvador,
BA: Alvorada, 1983. Pág. 58.
06 - XAVIER, Francisco Cândido. Dever. ln:_. O Consolador Pelo Espírito Emmanuel. 17.
ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 1995. Questão 189, págs. 114 -115.
07 - Angústia materna. In:_. Luz no Lar Por diversos Espíritos. 7. ed. Rio [de Janeiro]:
FEB, 1991. Pág. 15.
08 - No reino doméstico. ln:_. Luz no Lar Por diversos Espíritos. 7. ed. Rio [de Janeiro]:
FEB, 1991. Pág. 24.
Texto Extraído do Programa VI do ESDE Editado Pela FEB
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